Primeiro Post

Para o meu primeiro post decidi escolher um texto que foi escrito por mim á uns tempos. Chama-se:
"Era tudo mais fácil"
"Em criança é tudo mais fácil.
Sem sequer saber como, conseguíamos definir os limites de tudo em todas as situações.
Por exemplo, fazíamos questão de fazer “a” lista dos “melhores amigos” e essa lista era sempre, mas sempre, hierárquica.
Nas festas de anos, acabava sempre por haver aquele amigo que tinha de se sentar ao nosso lado, isto porque, num qualquer dia de aulas anterior tínhamos feito a tal lista e ele tinha ficado honrosamente em primeiro lugar! Era tudo muito mais fácil de ser estabelecido.
Lembro-me, também, que era regra de ouro sermos eternos rivais da turma do lado ou da tarde e, em casos extremos, não podia haver sequer dialogo. Era assim que estava definido e não havia dúvidas.
Com “queres ser meu amigo?” ou “já não sou teu amigo” ou ainda “já não gosto mais de ti” (entre muitos outros) conseguíamos definir todo o tipo de sentimentos que tínhamos pelos colegas e amigos… Se por um lado andávamos sempre mal vestidos e não entendíamos por que não se podia jogar á bola no quarto, éramos, definitivamente, mais “arrumados” sentimentalmente.
Éramos tão infinitamente melhores a balizar os nossos sentimentos que, até com aquele ser meio estranho que usava saias, cabelo comprido e não gostava – incompreensivelmente – nada de jogar á bola conseguíamos definir tudo o que tinha que ser definido. Mas até para nós, crianças, havia sempre aquele período de tempo em que a duvida se apoderava de nós. De repente, jogar á bola, brincar ás escondidas ou mesmo imitar os power rangers já não era assim tão entusiasmante e importante. O importante era definir aquele encolher do estômago que sentíamos sempre que o tal ser estranho passava um pouco mais perto (a 50 metros de distância) de nós.
A ansiedade – que, enquanto crianças, ainda nem sabemos que é ansiedade – vai-se apoderando de nós a uma velocidade estonteante. Bastam dois recreios a jogar á apanhada e ficar ao pé dela na fila para o refeitório que o tal sentimento estranho se torna insustentável. A guerra do amor começa aqui. Definir o que, por natureza, não é definível, vai durar uma vida inteira, mas nesta altura ninguém sabe disso.
No ATL ganha-se coragem.
Escreve-se algo mágico num pequeno papel meio amarrotado e pede ao nº1 da lista dos melhores amigos a maior das tarefas que os melhores amigos podem ter:- “Entrega-lhe este papel. Só a ela… Boa sorte.” – Dizemos antes do nosso melhor amigo partir em missão.
A necessidade de definição faz com que o papel seja (embora mágico) simples.Tem uma simples pergunta. Nada mais.
Para reduzir ainda mais as hipóteses de dúvidas, a pergunta tem duas hipóteses de resposta.
Por esta altura, todos os sorrisos e encontrões que o “ser das saias” foi dando ao longo dos recreios provocam sempre alguma esperança.
O papel é simples.
"Gostas de mim por amor ou por amizade? Mete uma cruz na resposta certa."
Independentemente da resposta que virá no papel, (trazido obviamente pela primeira melhor amiga dela...) a duvida acaba ali, naquele preciso momento.

Não me apetece escrever mais... (= "

Comentários

  1. Adorei!!!Quero mais!Quero continuar a entrar na tua cabeça!Beijo!

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