A vida real... "e as outras coisas"

"E quando estivesses quase a desistir eu cuidava de ti.

Mesmo que não quisesses, eu cuidava de ti."

Disse-lhe ele, num desespero silencioso.

Esta era, apenas, uma das muitas frases que ele lhe poderia dizer. Podiam ter sido outras tantas, mais compostas e bonitas, mas foram estas as letras que, a quente, se soltaram dele.

Ela conseguia, ao longe e sem se preocupar muito, acender nele uma necessidade de resgate imperial à qual ele não conseguia fugir. Era mais forte que ele.

Não era amor - longe disso - não era paixão... Não era nenhum sentimento incendiário da alma. Era, apenas e só, um leve morrer de medo que algo tão puro se afogasse e se esquecesse da vida.

"Sim, quis cuidar de ti. Naquele momento quis cuidar de ti.

Quis dar o meu peito ao teu choro, ouvir a tua dor e fazê-la passar para mim. Não quis os teus olhos verdes colados nos meus. Que estúpido é dizer-te isto...

Compreende que provocas esta insanidade momentânea em pessoas como eu.

A tua dor fascina-me. Faz-me querer saber como alguém é capaz de suportar tanto num só corpo, numa só alma.

Não te adormeças, não te quebres e, por favor rapariga, não desistas de ti e do vulcão que és. Explode com tudo o que és...

Um dia gostava de ser teu amigo."

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Sei que não saberei falar muito sobre isto, tudo me impede. 
A ideia inicial era não ter de falar de todo.