My Last one. The end.

Como prometido, mas com 14 dias de atraso, chego-me ao fim.

Não é um «eu» todo que chega ao fim, mas uma grande parte de mim que se fecha. Estão aqui descritos os meu pedaços mais puros, as minhas verdadeiras angustias e, porque não, o mais verdadeiro de mim. O meu intimo.

Odeio despedidas mas adoro despedir-me, qual contra-senso aparente. Mas não é. Não gosto que quebrar ligações, amores ou amizades mas ao fazê-lo gosto de deitar cá para fora tudo o que penso. É aqui que o meu lado mais bruto se acende.

Dois mil e doze foi o ano mais bruto e violento que tive. O filme que faço deste ano é, curiosamente, uma das melhores lembranças que tenho dos tempos passados com os meus amigos. O desafio era simples:

- Numa qualquer praia ou piscina de ondas, com a agua a chegar a meio das pernas. Aí, quais heróis (ou simplesmente parvos) fixávamos os joelhos na areia na zona de rebentação e, de corpo morto mas agarrados uns aos outros, lutávamos para respirar no meio de braços torcidos, calcanhadas na cara, risos descontrolados debaixo d'água e algumas dores. O primeiro a desistir era o mais fraco.*  

O meu ano foi assim... Foi como uma presença constante na rebentação das ondas - nada meigas - do Magoito. Onda após onda, choque após choque... onde qualquer tentativa de escape era forjada por ondas que pareciam cada vez mais fortes. O desnorte chegou a ser total e as forças pareciam não querer voltar mais e, sim.. desisti de lutar por momentos. 

Mas hoje...

Longe da dita perfeição, sinto-me completo, mais forte. O meu melhor é muito melhor que antes, sabendo que o meu pior é pior que antes também. Aceito-me.
Tenho um amor próprio inabalável mesmo sabendo que não faço a escolha certa ou que estou errado. 

'Sacana genial', já me chamaram...

Tenho um lado 'Maravilhoso' só meu e dos que comigo lá chegaram e um lado negro difícil de entender que também pouco percebem. Este blogue é espelho deste meu lado mais intimo.

*Não me lembro de nenhum de nós desistir... Crescemos juntos e nunca nos iremos separar. Eles são parte de mim e eu sou parte deles. Entre nós ainda somos as crianças que fomos... Iguais na maneira de nos olharmos.

Quero guardar as últimas palavras neste espaço para alguém que nunca falei directamente.
Serão as mais difíceis de sempre. Serão certamente as mais sinceras e poderosas. São o expor mais intimo daquilo que sou:

O Puto.

Acho que o que sinto pelo Puto é algo semelhante a um amor de pai. Mas com direito a chamar nomes e a dar uns calduços de vez em quando, só porque sim.

É a única pessoa por quem daria a vida e de quem gosto mais do que de mim mesmo. E que fácil que é sentir isto.

É aquele sentimento claro de que qualquer escalada de montanha se faria com um pé às costas se disso dependesse a vida dele... mas que daí até ele pedir uma sandes de queijo enquanto eu faço a minha vai uma grande distância.

É um amor simples de explicar. É meu irmão, uma versão melhorada de mim... E cada vez mais completo.
Vi-o crescer... está mais adulto, praticamente um homem. Amadureceu e já teve a sua quota-parte de angustia amorosa. Vai ficar mais calmo na sua fase de rebeldia mais louca. Cresceu rápido!

Desejo que nunca se perca nas escolhas que irá fazer,

Que a cara do pai continue a aparecer naquele momento em que fazemos algo de errado, 

Que comece a entender que os ralhetes (muitos) da mãe fazem sentido e que os vamos ouvir quando formos viver sozinhos. São verdadeiros guias,

(Não andes de mota),

Que partilhe mais. Pratica o exercício de falar sobre ti. Vais descobrir coisas fantásticas que, de outra maneira, nunca te aperceberás.

O resto... define-se assim: «Don't You Worry, Don't You Worry Child ...» pois serei sempre o teu irmão mais velho.

Despeço-me com a melhor despedida que vivi em 2012.

Até um dia...

Tiago do Paço

(P.S.: Vejam... Vale a pena!)