«Casava-me já contigo» - MEC

«Quando eu era pequenino e vi um cartaz do filme The Seven Year Itch, de Billy Wilder e de 1955, perguntei à minha mãe o que era. Ela respondeu: "Ao fim de sete anos a novidade do casamento começa a passar".

Ao fim de 14 anos, cada vez que eu olho para a minha mulher, cada dia que acordo ao lado dela, o que mais me comove e impressiona é precisamente a novidade de vê-la, poder amá-la, ter a sorte de ser amado por ela.

Cada coisa que fazemos é ao mesmo tempo antiquíssima – como uma cerimónia que construímos juntos só para nós os dois – e novíssima, pelo desejo e pelo entusiasmo de lá estar, naquele lugar que ela abriu para mim e ela no lugar que só é dela, que sou eu.

O casamento é só uma palavra: é verdade. Mas também pode ser a vontade de casarmos e ficarmos casados, todos os dias, com a mesma pessoa que amamos.

Cada vez nos casamos mais. As diferenças dela vão cabendo cada vez melhor nas minhas. Cada vez somos, a Maria João e eu, mais livres de sermos como somos, cada um de nós, e de sermos como somos, nós os dois.

Ela torna-se mais ela; eu torno-me mais eu, ela e eu com menos medo que o outro fuja por causa disso. Mas com medo à mesma. E ganância de viver e curiosidade em saber como é que o décimo quinto ano vai ser melhor do que este.

Mas vai ser.»


« ( ... ) e ela no lugar que só é dela, que sou eu.»
Não sei se toda a gente entende esta capacidade de amar. Com tudo.
Não sei se toda a gente tem, sequer, esta capacidade de amar.
Não sei se toda a gente vê o peso da frase a negrito. 
É «só» a simples e brutal diferença entre termos um lugar e sermos um lugar.

Haverá algo mais poderoso que dizer Sou o teu lugar. É aqui, em mim, que poderás ser livre de seres tudo o que não consegues sê-lo. ?

Eu não me canso de acreditar e não tenho medo de ficar sozinho na procura do Maravilhoso. É isso que quero e é só isso que vale a pena.
Com 14 anos de casamento, a maior declaração de amor é dizer-se que se tem "menos medo que ela fuja".
Com 14 anos de casamento, a maior declaração de amor é escreve-lo nos jornais. Para que um mundo e meio saibam. Sem gavetas e arrumações. Amar é um caos. Só assim faz sentido.

Não me desvio do que sou.




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