Se morrer repentinamente

Se morrer repentinamente, o que quero que saibam:

Que fui apaixonado. Apaixonado por tudo. Pelos momentos mais simples e pelos mais complexos. Que adorava viver e que era feliz.

Que vivia todos os momentos de uma forma muito própria.

Quando estava presente, estava mesmo presente. Quando não estava, estaria presente noutro lado.

O que mais gostava de fazer era estar com pessoas.


Adorava os meus amigos e considerava-me leal aos princípios que eu valorizava.

Se morrer cedo e repentinamente chatear-me-ia que a vida continuasse. Gostava que a minha falta fosse sentida. Vivo para que, quando morrer, a minha falta seja sentida. Todos os momentos são importantes.

Não gostava de perder tempo com coisas que (...)

Gostava de ler as pessoas. De perceber o que havia além do que nos mostram. Gostava de conversas com curvas e contra-curvas.

Adorava o Sporting.

Que gostava muito de poucas pessoas e que o seu amor maior era o meu irmão.

Saibam que ia ter muitas saudades de estar vivo. Acima de tudo saudades de sentir e pensar. Adorava divertir-me e entretinha-me com pouco. Adorava pessoas da mesma forma que adorava estar sozinho. Eu era feliz sozinho.

Se morrer cedo, morri angustiado, sem fé definida e sem perceber o motivo de ter existido. Melhor, morri a achar que este conjunto de acasos chega a ser estupido. Não consegui contrariar esta condição humana de arranjar justificação para tudo. Morri sem perceber porque vivi. Qual o caminho a seguir.

A morte não me assustava, assustava-me muito o acto de morrer. Em mim e nos outros. Morri angustiado pela falta de fé. Por saber que, depois de morrer sou nada. O nada assusta quem quer tudo. Morri apaixonado pela vida. Incrivelmente apaixonado pela vida.

Amei muito. Ri muito. Celebrei a vida sempre que possível. Quis ser boa pessoa, com grandes erros conscientes. No final do dia, sempre fui fiel a mim mesmo. Vivi para fazer memórias. Que os que ficam, me lembrem e se riam. Acima de tudo, que se lembrem.

Para sempre.

2019.

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